A guerra dos emboabas foi uma guerra travada entre bandeirantes paulistas contra forasteiros brasileiros e portugueses da metrópole nos anos de 1707-1709. E foi sem dúvida um marco na direção da história paulista e brasileira, moldando aquilo que somos hoje,
Os paulistas, por terem descoberto a região que também fazia parte da capitania paulista, obviamente queriam o controle total da mineração e o direito de decidirem sobre o próprio território. Porém, para fazerem isso, teriam de enfrentar dois poderosos inimigos: pobres famintos e sedentos por riqueza fácil e, novamente, a Coroa Portuguesa. As cortes de Portugal na época já estavam de olho no povo PAULISTA/VICENTINO (notem que não havia um gentílico único para os colonos, sendo o mais antigo, o dos habitantes de São Paulo) e tinha uma definição bem clara dos homens e mulheres que habitavam a região bandeirante. O perfil dos paulistas quem o traça com fidelidade e precisão é o governador português Antonio Paes de Sande, que escreveu em 1692: “São briosos, valentes, impacientes da menor injúria, ambiciosos de honra, amantíssimos da sua pátria, benéficos aos forasteiros e adversíssimos a todo ato servil, pois até aquele, cuja muita pobreza lhe não permite ter quem o sirva, se sujeita antes a andar muitos anos pelo sertão em busca de quem o sirva, do que a servir a outrem a um só dia”. Ou seja, desde os primórdios da colonização, o governo português tinha ciência da capacidade e risco que os paulistas representavam, e os achavam rebeldes e patrióticos demais para com a sua terra.
Em 1707, os bandeirantes paulistas e aliados (que incluía tribos indígenas), resolveram pegar em armas pelo controle da região das minas e para impedir que forasteiros brasileiros e portugueses adentrassem em seu território, mesmo que de jure fosse um território de Portugal. Como o dizer já muito velho de Raposo Tavares ainda na língua geral paulista bem explicita o sentimento dos paulistas da época: "coivê oré retamá", ou "essa terra é nossa" em português, os paulistas estavam determinados em garantir o direito sobre seus domínios. Aí está o ponto-chave dessa interpretação. Se os paulistas consideravam as pessoas do Império Português como forasteiras e sem direito de legislar na capitania, isso leva à interpretação de que já sentiam e queriam essa terra mais como paulista, e não como portuguesa.
Do lado contrário, a frente do nordeste português estava determinada em adentrar a terra riquíssima pelos paulistas recém-descoberta, liderados pelo português radicado na Bahia Manuel Nunes Viana. Aos inimigos, os paulistas deram um apelido bem peculiar na língua em que falavam: emboabas que segundo o Dicionário Houaiss, seria a junção das palavras de raiz tupi mbo ("fazer que") + aba ("ferir"), sendo que mbo'aba seria um epíteto coletivo, aplicado a um grupo, e não apenas a um indivíduo. Assim sendo, "os que invadem, agridem". Sendo este sentimento nativista paulista o estopim da sangrenta batalha.
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